Niterói, 6 de fevereiro de 2014
Minha trajetória profissional parece meio saltitante – e é.
Formada em Comunicação, trabalhando, sabia que ali estava algo que eu sabia
fazer, mas que não preenchia o meu coração. O coração e o interesse focaram na
terapia, que eu já fazia, e que certamente foi um lugar de cuidado tão
importante e esclarecedor, acolhedor. Fez-me lembrar da infância, com o sonho
de mudar o mundo – se não o mundo inteiro, que fosse o mundo de alguém, como o
meu foi mudando ao longo do processo de formação reichiana que me propus a
fazer. Daí à faculdade de psicologia foi um pulo, um salto, não sem anseios. Era
a vontade de trabalhar com questões ligadas à vida (e por que não sua relação com a morte, que dela faz parte?),
uma certeza.
O Terapia Expressiva me encantou desde o início, por
acreditar na expressão como necessidade e maneira extremamente profícua para
lidar com as questões que aparecem na vida. Na minha própria, já experimento
isso, pois que as palavras foram sempre grandes amigas, além de vários cursos e
brincadeiras de artes na infância e adolescência, o último de encadernação
artesanal já na idade adulta; todos inspiradores para pequenas criações em
decoração, festas, ou simplesmente na expressão de algo que não sai em palavras
ditas.
O curso (e a possibilidade de bolsa) me apareceu na tal busca
na internet, em que eu queria saber sobre o que havia no HUAP com que eu
pudesse trabalhar em psicologia. da Quero poder estar mais e mais próxima da
área de saúde, ter contato com profissionais e pacientes com demandas e
responsabilidades diversas, estar imersa no cuidado integral, encharcar-me vida
real, da luta pela vida; o Terapia Expressiva me pareceu uma oportunidade disso
tudo, e ainda com a suavidade e a profundidade de pôr o coração e a expressão a
serviço da vida. A talvez crueza da vida real, imiscuída da beleza e da
possibilidade de sonhar.
Encontrei de fato algo que me fez sonhar, que me empolgou.
Espero poder botar a serviço desse tão belo projeto (do qual participei do
encerramento do ano passado, tomando um barco na Odisseia de Ulisses) minhas
habilidades pessoais, meu senso de profissionalismo, o cuidado com o outro (e
comigo), minha vontade de aprender, de crescer, de descobrir, de saber novas
maneiras de cuidar, de poder cuidar e, dessa maneira, ser também cuidada.
Agradeço a oportunidade por estar aqui...
Emocionante carta de uma das recém-admitidas bolsistas ao Programa, Clarissa Carneiro!
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